
Viver e sentir-me viva... Seres que vagueiam pelas ruas, corpos nús de uma alma ou mesmo de uma consciência. São palavras e palavras escritas em prol dos saberes mundanos, em torno do 'eu sei', 'eu quero', 'eu tenho'.. Eu, eu e eu. E quando, pergunto-me, quando paramos para pensar, para interiorizar as nossas vivências? E quando adquirimos delas apenas a experiência e não a insolência? E quando aprenderemos a não julgar, mesmo quem não nos é próximo? Como poderemos querer paz se esta não parte do nosso interior? Quando deixaremos as palavras que ferem? Quando saberemos ouvir? Saber ouvir é uma arte complexa. Atribuo-lhe esta designação porque de facto cada vez menos se ouve... Por vezes nem os sinais do nosso relógio biológico somos capazes de ouvir. Viver é mau, sobreviver é péssimo. Vivemos, mas procuramos pelo momento em que de facto nos sentimos vivos, em que apenas a luz do sol chegue para nos fazer sorrir, em que respirar fundo seja prazeroso.. Pequenos e breves momentos são tudo aquilo que nos parece que levamos do acto de viver. Palavras e palavras de histórias vividas e revividas, comparadas exaustivamente. Livros e livros que dariam de assuntos gastos e desgastos, de quem não sabe falar. Dizeres levianos que ferem. O conhecimento não é profundo, não sabemos tanto quanto julgamos,não temos tanta experiência de vida que nos faça escrever estes textos e textos, estas frases intermináveis sem pontos finais. Simplesmente porque nunca experimentámos sentirmo-nos vivos em vez de viver.