quinta-feira, 26 de junho de 2014

Vida





A vida é efémera.
Um caminho de ida, onde não vislumbro o fim,
É a dor contida
É flores no capim.

É como uma vela que se apaga num só sopro
Como o dia que termina
A vida é uma promessa que cumpro
Arrisco e sinto adrenalina

A vida é um choro sofrido, um riso destemido
Uma gargalhada aberta, de pleno peito
A morte é certa e vivemos desse jeito.

A vida é luz, é céu e mar
A vida é fado, é sol e luar.

A vida são pássaros dançantes
nos galhos orvalhados
São os pés descalços, os dos viajantes
São países desgovernados, pelos seus próprios governantes.

A vida são gentes,
São angústias e corpos quentes.
A vida são abraços,
São rostos e cansaços.

A vida é como um sonho de paz
Como uma paixão obsessiva
Um amor de rapaz
É luxúria atractiva.


"Ás vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido", Fernando Pessoa





segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Brilho oculto


Sou simples!
Vivo na simplicidade desamparada de ódios e loucura.
Sou básica e incompreendida pelas mentes brilhantes. Sou apenas uma soma de sensações extremas, o que fascina os complexos seres robustos de mente.
Desprovida de pretensões apenas ambiciono os significados estranhos a que dão nome as gentes.
Deambulo na rua de uma cidade que dorme tranquila repousada sobre o seu leito. Digo as metades do que me vai na alma. Espero que se sacrifiquem as outras pelas metades que em meu regaço escondi.
O corpo gela no enquadro desta melodia triste. As palavras soam como silêncios prolongados ou setas lançadas num sopro unidireccional.
Cravados no peito apodrecem os anos, cínicos e cheios de traição. Também mentem os lábios que mastigam o que no olhar não permanece.
A dor é a prova de vida, o contraste de insensibilidade e outras coisas mais que se antagonizam à condição de viver.
Fragmento a personalidade, todo o meu ser.
Sentirei fascínio pela mente e serei sempre simples no sentir intenso de qualquer sensação.
A condição a que me limito não me transforma numa mente brilhante, ou algo que por si só cintile...
E as estrelas? Há-as em toda a parte e só as desejo na palma da mão.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lembra-te de mim


Deito-me acompanhada de boa música na tentativa de relaxar.
Vejo-me cair no esquecimento profundo de todos os corpos esgotados e adormecidos.
Os outros divertem-se, lembro-lhes o sorriso e as luzes da noite que atravessam a escudirão com um mistério e encanto. São bonitas as cores que a acompanham.
As horas passam com uma velocidade que a minha mente se sente incapaz de sentir. Sensação de fracasso! Instala-se um vazio, o silêncio incomoda.
O barulho de portas com vida também.
Pedaços de mim que se desfazem ao longo do caminho, magoam-me as lembranças dos risos que ecoam na minha mente. Tardes de verão inacabadas...
Sinto dor! Dor que não choro, carrego-a no peito que sangra a tua ausência.
Queria sentir-te mais uma vez, tocar a tua face, brincar...
Como amei o teu novo ser! Como fui feliz...
Foste sem mapa de regresso.
Olho-me ao espelho e vejo-te em mim, uma parcela de uma soma tua!
Saudades, falsas amigas!
Lembra-te de mim, que guardarei até o teu cheiro nas minhas memórias.
Para sempre...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Metade


Metade de mim são ironias,desapegos e cansaços
Que vêm de um outro mundo qualquer.
Metade de mim são sonhos, sorrisos e pedaços
Característicos de outro ser.

A metade de mim que era outra
Sentiu, vibrou, chorou...
A metade que tantas vezes abriu esta porta
Também se magoou

E aquela pequenina
Que em mim já viveu
Teve todos os desejos de menina
Presos no seu céu!

Ainda existe aquela metade
A metade que em mim se encaixou
A metade que é apenas uma metade
Mas a metade que nunca me deixou.

E seria vago tudo aquilo que dissesse
Vazio, nú o que escrevesse
Se a metade que em mim vivesse
Para sempre me abandonasse.

Metade de mim não tem vida,
A outra também não
Metade de mim não seria
Se não me desse a mão!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sou



Sou simples no meu ser. Sou mais complexa do que a pele que me reveste.
Sou uma soma. Sou um tudo ou nada.
Sou um sorriso, um olhar, um perfume ou um gesto.
Sou um momento, uma falha... Mas nunca um erro!
Sou o que nos une e separa. Sou o calor, o frio e um arrepio.
Sou cor, preto e branco..Sou ódio e inveja!
Sou uma alegria ou uma decepção, um sonho ou uma ilusão.
Sou traquilidade e tempestade, sou incerta, sou um instante!
Sou um caminho traçado.
Sou uma fugitiva presa nos enlaços do teu mundo pequeno.
Sou uma história, um conto, uma rima.
Sou amor e paixão! Sou tristeza, sou solidão.
Sou mistério, sou suavidade, criança e vaidade!
Sou para depois, sou um antes e um agora.
Sou quem espera pela tua demora...
Sou um começo, sou um fim..
Sou um abandono de mim!
Sou um impulso, um segundo, um suspiro profundo.
Sou uma partida ou uma chegada.
Sou um refúgio, um abraço, para o tempo um compasso.
Sou um aroma, um odor, sou quem morre por ti de amor!
Sou um devaneio num momento frio.
Sou um copo cheio ou um copo vazio!
Sou uma certeza, um mero talvez
Sou um agrado, uma nobre altivez!
Sou um plano em lençóis de cetim,
Sou um complemento descompleto do que me completa a mim!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sentires

É paixão... Paixão de brilho no olhar, de sorriso rasgado, de mil cumplicidades. São sensações de pele arrepiada, de gargalhadas estridentes, de lágrimas e sonhos que se completam. Embalos de voz suave e gestos meigos. O suspirar apressa o compasso do ritmo cardíaco, tudo pára e permanece à procura dos sons das noites quentes. Envolvência e cheiros intensos. Amor além da lua nunca beijada, nunca tocada. Pequenas conquistas saídas de lábios unidos ou de palavras soltas. Personalidades complexas, rotas traçadas sobre o mesmo asfalto. Liberdade e sensatez na responsabilidade, cuidadoso o guardar desse sentimento. Não são outros, mas estes, sim estes devaneios de fracções de segundo, de ausência de razão que definem o pouco, o muito e o bastante. Definem o que nos marca, o que somos e o que faz parte da nossa história. De mãos dadas se faz a construção.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Cuidar de ti

Sento-me. A cada gole de chá penso em ti! O sabor do teu fel torna-me a garganta seca...Mas desejo mais. Desejo mais que um respirar, mais que um toque, mais que a melodia da tua voz. Chamas-me de doida, como se eu fingisse. Apenas calo a voz da imaginação. Torno mais leves as palavras para que não ganhem dimensão. Não é por não querer. Estarei lá para cuidar de ti! Mesmo que ela te sorria todos os dias, eu estarei lá para cuidar de ti. Partilharei o calor do meu corpo para te aquecer, dar-te-ei o meu abraço para te fazer adormecer e vou-te ouvir. Sim, porque eu, eu vou cuidar de ti! E vou cuidar de ti junto ao meu peito, ainda que ela te sorria. Não me importo! Que significado teria se me importasse? Vou construindo o meu mundo, tendo sempre em conta que existes, que vives em mim e que prometi que vou cuidar de ti. Posso permanecer calada ou até ignorar um olhar teu, apenas porque a minha vida não vai estagnar, mas tu sabes que vou estender os meus braços sempre que a tua carência necessite de mim. As lágrimas não me vão cair pela face, porque vou desprezar a voz que ouço. Diria tanta e todas as razões para que em todas as noites me apaixone pelo teu brilho, mas eu...eu só posso cuidar de ti! Sinto o chá azedado pelo sabor dos pensamentos, mas não vou permitir que cuides de mim! Isso, isso sim, faria nascer palavras de sofrimento.