
No escuro delicio-me com o meu veneno doce e envolvente, cristalino.
Para as minorias sou um ser estranho, diria mesmo invulgar.
Sou tudo aquilo a que a sociedade não está habituada. Há quem me inveje, há quem me odeie.
Sou tudo aquilo a que a sociedade não está habituada. Há quem me inveje, há quem me odeie.
Ouço repetidamente o refrão - 'É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma'.
Talvez não se encaixe em mim... Talvez isso até faça de mim um ser pior, ou uma princesa que se transforma num sapo gordo, verde e feio.
Todos nós temos receios, até o mais invulgar dos seres... Todos nós somos fracos.
Porque terei de ser eu o ser invulgar? Que característica possuo que outros não têm?
Serei racional demais? Serei muito exigente?
Também não sei o que esperar da vida, à semelhança de todos, só não sigo nas mesmas direcções... Nem os mesmos ideais.
Serão os meus gostos meros caprichos?
Sinto que duvido de mim própria, daquilo de que sou capaz... Terei perdido alguma capacidade?
Terei perdido a vontade?
Já não sei... Não encontro respostas..
Não me sinto cansada de viver, como outrora, mas também não o sinto como um desafio.
Por vezes sinto-me acéfala... Sou incapaz de coordenar um raciocínio lógico que me leve a um caminho concreto e correcto.
É estranho sentirmo-nos estranhos aos nossos olhos. E isto não é um sentimento, não é uma dor partilhada. É uma negação.
Já não sei como me expressar, apenas bebo do meu veneno cristalino.