segunda-feira, 25 de maio de 2009

Jardins da noite







Confusão, mágoa, tristeza, solidão... Palavras que decalcam o meu estado de espírito.
A noite está fria, visto um casaco e saio para a rua sem que ninguém o note.
O silêncio faz-se ouvir por entre as casas ocupadas pelos corpos adormecidos. Apenas eu vagueio na noite.
Repentinamente avisto um vulto de longe e talvez por receio ou instinto, escondo-me no primeiro jardim que encontro.
É ridículo... De que me escondo se o vulto nem veio nesta direcção? De mim? Dos pensamentos que me têm pairado na mente, inquietando o meu descanso? E tu, de que foges? De mim? De viver? De sonhar? De sentir?
Volto na direcção que parti e desta vez refugio-me no meu jardim, de modo a sentir-me mais protegida.
Sento-me cruzo as pernas e tiro do bolso do casaco que havia vestido, um lápis, uma moeda de 0,05€,três rebuçados S.Bras uma chave e uma caixa de pastilhas elásticas vazia que acabo por destruir entretida com o pensar.
É curioso como se guardam sempre imensas coisas nos bolsos dos casacos e estas permanecem lá esquecidas. Serão as pessoas também colocadas nos bolsos para lá ficarem 'Eternamente-esquecidas'?
Surge-me um pensamento, por vezes a nossa vida cruza na de outras pessoas e os caminhos traçados lado a lado são também esquecidos, ignorados, como um assunto proibido.
É uma estranha sensação ter de agir estranhamente a algo que nunca nos foi, de todo, estranho.
Começa a cair uma chuva miudinha e aproveito a refrescar os pensamentos e a moderar a velocidade dos mesmos.
Hoje foi um longo dia, de bastantes reflexões, questões, encontros, desencontros.
Toda a semana se assemelhou a uma gigante montanha-russa de emoções.
Faço um balanço do meu percurso de vida, pode-lo-ia fazer quando a experiência de vida se verificasse bem marcada no meu rosto, mas aí talvez fosse tarde e bem tarde para corrigir erros, pedir perdão...
Peço perdão a mim mesma por desperdiçar momentos, pela irracionalidade perante algumas situções e o extremo racional noutras.
Sinto-me fraca, um ser fraco, uma má filha, má amiga, má ouvinte. Tenho dedicado imenso tempo a mim e aos meus incosntantes estados d'alma.
A vida foi criando em mim um ser que sugou todo o sentimento, me absorveu toda a beleza que outrora existira em mim. Nego-me, volto-me a negar indefinidamente.
Sinto um aperto no peito, parece que vou explodir cá dentro, tenho uma enorme vontade de gritar, de chorar... Não o consigo evitar.
Terei sido tão injusta? Quantos foram aqueles que feri? Quantos afastei de mim? Quantos ignorei? Quantos inferiorizei?
Não estou só, mas não dou o meu melhor a todos aqueles que o dão por mim.
As lágrimas quase não me permitem ver, a chuva torna-se mais intensa. Eu mereço isto!
Volto para casa, limpo o rosto e vou em direcção ao meu quarto.
Olho-me ao espelho com vontade de destruir a imagem que reflecte, solto o cabelo e deito-me sobre a cama.
Deixo-me adormecer no meio de lágrimas e dor.

A esperança reside no amanhã.

sábado, 16 de maio de 2009

Memórias de uma insónia


Deveria estar a dormir, mas é neste silêncio de noite que despertam todos os sentidos que com o dia se encontram adormecidos.
Coloco um música ambiente para me deixar relaxar e num gesto quase inato pego no meu bloco de notas, sento-me no chão, fecho os olhos e respiro profundamente de modo a absorver todos os sons e cheiros que pairam no ar.
Encontrei um Cd velho que andava esquecido de Bryan Adams, não faz muito o meu género, mas hoje sinto-me capaz de o ouvir. Começa com a 'When you love someone', bastante conhecida, e a meu ver, para quem a sabe interpretar, possui uma grande carga emocional.
A voz naturalmente rouca embala o meu pensar e vou deixando que as imagens me ocupem a mente.
E neste preciso instante imagino o teu rosto, , o teu olhar meigo, algo bastante característico em ti. Quase sinto o teu cheiro, o teu toque aveludado...
Havia uma espécie de cumplicidade, o olhar falava, as mãos tocavam-se, os gestos permitiam que a voz do coração prevalecesse.
Existia um 'nós', num 'mundo nosso', com 'partilhas nossas', . Existiam duas almas inquietas de se sentirem completas, amadas.
Possuiamos segredos, lutávamos sem receios ou medos, tudo era especial, tudo era sentimento, tudo era simplesmente, AMOR.
Os momentos eram intensos, os bons fizeram apagar os maus e tudo se transformou numa bonita história.
Repito para mim: Sim, fui feliz. Sim, amei ter-te conhecido. E sim, és uma pessoa de imenso valor.
A verdade é que o tempo passou, não parou uma única vezinha para olhar para trás, mas o melhor de ti repousou intacto em mim.
Transporto-te comigo e crio as minhas histórias, que não passarão do imaginário.
Amores... Uns partem e não voltam, outros são de impossível concretização e ainda existem aqueles que nos são desnecessários.
Palavras que não fazem sentido, aliàs falar de amor talvez não faça muito sentido.
'Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.'
No entanto, partilhar sentimentos, embora através da escrita, faz-nos sentir melhor.
Apercebo-me de que com o decorrer deste 'sonho imagináriamente dormitado' surgiu uma nova melodia. Lifehouse, faz-me sentir bem com as suas músicas excepcionais.

'You're all I want
You're all I need
You're everything' - Everything, Lifehouse

Haverá algo com maior sentido?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sonho


Não adormeço, nem só por um pequeno instante, apenas para poder observar o teu rosto, enquanto dormes. Pareces uma verdadeiro anjo, daqueles saídos de um história de encantar.
Repiras tão suave e tranquilamente...
A noite vestira-se de magia, a escassa luz que possui é a suficiente para fazer cintilar a pureza d'alma que existe em ti.
O horizonte já se transformara numa bonita palete de cores intensas e doces, parecem trazer consigo mil um segredos que só o amanhã irá desvendar.
Deixo viajar as minhas mãos pelo teu corpo quente, guardando em mim esta nobre imagem tua.
Eis que surgem os primeiros raios de sol, resnasce o teu sorriso e num lento suspirar murmuras deliciosamente: 'Amo-te...'
Tocas com os teus labios húmidos na minha pele, em forma de beijo.

Repentinemente acordo, apercebo-me que ainda é noite. Surge a decepção depois do sonho.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Saudade...




A dada altura apercebo-me que o que sinto é saudade (palavra tão nossa, do povo português, sem tradução possivel e de dimensão inquestionável)

Saudade...

Saudade do sorriso quente,
Olhares prometedores,
Das mil fantasias de cheiro envolvente,
Dos beijos de loucos sabores.

Saudade...

Um corpo nú que se expõe na sombra noite.
Beijada pelo luar a pele cintila de suavidade extrema . . .

Saudade...

É como um querer e não querer, um desejar e não ter.
É como um sol que ilumina e uma noite que entristece,
Um dia que fascina e uma lua que adormece.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um dia, num momento







- Recebi a tua mensagem, vim logo que consegui.
- Pois... O que tenho para dizer, é que...
- Que tens? Pareces-me estranho. Estás distante...
- É que conheci uma pessoa e...
- Explica-te! - Responde ela com receio do que poderia surgir daqueles doces lábios, de contornos perfeitos. Os mesmos que tantas vezes pronunciaram a palavra 'Amo-te', as palavras 'para sempre'...
- Para mim deixas-te de fazer sentido. - Diz ele rápida e bruscamente.
Fica um silencio profundo insuportável. Segue-se um choro surdo.
- Vai... Deixa-me sozinha. - Pede-lhe ela sem saber o que mais dizer, o que fazer, nem como será o amanhã. Questiona-se sobre o sentido da vida.
Ele vai, não olha para o que deixou atrás. A sua vida segue.
Desolada, a menina chora inconsolavelmente até adormecer. A dor sossegou, mas amanhã pode acordar do seu sono e espetar-lhe com mil facas.

Não quero acordar para o amanha, não quero que a dor me espete mil facas...

Não quero sentir...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pedaços com sentido ...




'Tudo se passa em segredo
numa praia à beira mar,
sempre em noites de céu negro,
sem estrelas nem luar.'


'Anjo perdido na bruma,
leva-me ao sétimo céu,
abre o teu manto de espuma,
deixa cair o teu véu,deixa cair o teu véu,
deixa cair o teu véu,deixa cair o teu véu...'


'Será que ainda me resta tempo contigo?'
Será que a cidade ainda está como dantes ou cantam fantasmas e bailam gigantes?
Será que te lembras da cor do olhar quando juntos a noite não quer acabar?
Será que sentes esta mão que te agarra que te prende com a força do mar contra a barra?
Será que consegues ouvir-me dizer que te amo tanto quanto noutro dia qualquer?'


Sentimentos que não acabaram, que se tornam profundos com o decorrer do tempo... Tudo o que foi dito fará sentido?
Receio voltar a perder-me neste sonho ilusório. Como arrancar de mim o sentimento que me está cravado há (quase) uma vida? Será o preço a pagar por essas promessas que se fazem? Essas, do amor eterno, do ser a alma que completa, do ser para sempre... Será que não morri também para ti? Lembranças que cheiram a humidade, a pó e a tempo...