
Um mês passou... Deixei tanto por dizer, por contar, por segredar.
De regresso à Invicta apercebo-me que a frieza deste ar em nada mudara.
As caras são as mesmas, as expressões vazias, os corpos fúteis que balançam nas cinturinhas descaídas.
E o que são as palavras? Meros desabafos profundos de uma dor recalcada.
Queria sentir aquele sentir de quando se fecha os olhos e o sol dos finais de tarde nos beija a pele, fazendo o tempo parar dando lugar às mais profundas sensações, a paixão e o auto-equilibrio.
Mente tão complexa, não pára de pensar, de se sentir insatisfeita. Não pára de querer tudo aquilo que não pode ter. È um querer tão intenso como a fome.
Alimento-a, mas de nada serve. Não se satisfaz com os pequenos enganos que lhe vou atribuindo para simplesmente disfarçar a dor, a inquietude e o desepero. Bem visiveis nas olheiras que carrego em mim há meses a fio.
Sinto-me velha de muito sentir e de tantas emoções, todas elas instáveis e diferentes.
É um cansaço permanente que vai destruindo toda a visão futura que um dia vislumbrei.
Sei que tudo é um engano, uma tentativa de fuga ao mundo real.
Fecho-me sobre mim numa concha dura e opaca, onde só transparece aquilo que faço transparecer, onde não reside nada mais do que frieza, indiferença, despreocupação.
Como fechar a porta e não deixar entrar ninguém?
A solidão deixou cair o seu véu sobre mim.
Adormecer profundamente sem nada sonhar ou ambicionar. Já nem as ambições dão um sentido a estes dias destruidores de sonhos e fantasias.
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