
Foi uma tarde esquisita, após uma manhã mal dormida.
As vezes que acordei foram diversas, o cansaço era o principal responsável pela inércia em que me deixei ficar aconchegada.
A sucessividade de acontecimentos que antecederam o fim de semana não me saía na cabeça. Faziam-me pensar e questionar . Questionava os motivos... Será que as consequências se justificavam? Como funcionaria o processo normal das situações? E, se, naquela fracção de segundo o caminho escolhido fosse diferente mudaria algo?
Sempre defendi aquela filosofia de que a vida é feita de escolhas... Mas, será mesmo?
Saio do meu refúgio, aquele onde posso pensar de olhos fechados que os pensamentos não perturbam ou são pertubados. Julgam-me a dormir.
Permaneço de pijama, faço a minha rotina diária normal... Dirijo-me à cozinha, mas sem fome logo volto para o meu confortável sofá.
Algo não me sai da cabeça e tenho uma sensação estranha dentro de mim.
O dia procedeu-se de forma normal. Nada de relevante aconteceu.
Surje a noite. A vontade de sair não se pronunciava, apesar de muitas propostas.
Surgiu uma impossivel de se recusar. Após um longo banho de água fria, a mente e o corpo obedeceram e fizeram descer igualmente a temperatura. Congelei os meus maus pensamentos daquela manhã.
Sentia-me triste e não encontrava uma explicação válida.
Cheguei a comentar a minha estranha sensação que logo foi cepticamente negligênciada.
No regresso para casa os sinais estavam lá e eu não os vi.... Algo me dizia que não devia escolher ir por ali, mas não obedeci ao meu breve pensamento.
Os pensamentos surgiam com tanta rapidez que quase não conseguia discernir os lógicos dos que não o eram, de todo.
Perdi o controlo da situação, perdi o controlo da minha mente, das minhas mãos e tudo à minha frente desaparecera.
Bati uma e outra vez, sentia uma dor forte no peito. Não senti vontade de chorar, não entrei em pânico.
Sentia-me gélida e indiferente.
Quando, finalmente tomei controlo da situação sentia-me tremer... Tremia desde bem fundo da minha alma... Mas não reagi.
Pensava em ti... Senti um enorme aperto no peito, uma saudade profunda.
Queria chorar, mas não conseguia. O aperto não desaparecia. E eu só queria reagir.
Quando te vi a minha vontade era a de te abraçar intensamente por muito tempo. Tanto tempo que duraria uma vida inteira... Porém, não aconteceu.
Senti que em ti algo mudara, embora toda a preocupação e delicadeza a que sempre me habituas-te.
Algo está diferente em ti e não consigo perceber o quê, embora todos os teus gestos nobres.
Talvez tivesse surgido um ponto de viragem, mas não o senti..
Não reagi, não senti alivio ou dor. Não te senti tão proximo de mim como gostaria. Não me fez acordar. Fez-me sentir como a morte seria algo insignificante e para muitas almas precisa.
A sombra e sensação estranha perseguem-me.. Na minha mente surgem tantas dúvidas e mágoas.
Ninguém me consegue explicar o sentido lógico da vida. Não acredito que exista um. No fundo todos caminhamos numa direcção única, sem consciência do que é viver, muito menos conviver.
Queremos felicidade, mas somos tão egoístas ao quere-la só para nós que nos esquecemos de a partilhar.
Sinto-me triste por viver neste mundo cinzento, cruel e sem oportunidades.
Sinto-me triste quando não estás e me fazes sentir só.. Sinto-me triste quando não tenho o teu abraço, o teu olhar, o teu sorriso...
Sinto-me triste porque muito pouca coisa para mim faz sentido.