domingo, 29 de maio de 2011

Ele


Ele, não olha para mim com olhos de ver, não se preocupa, nem quer saber.
Assume um papel passivo e nem se importa das noites que passo sem dormir, ou dos dias que passo sem sequer sorrir.
Ele não se importa porque não me conhece, porque não se deixa envolver em mim.
E toma-me como um ser mesquinho e idiota porque não consigo ser determinada. Nas palavras dele só se ouve o vazio, o vago.
Brinca com os meus medos deixando-me presa na escuridão!
Ele nem quer saber se sou feliz ou infeliz, porque simplesmente não sente que deve soltar o que o prende…
Diz e não age, fala o que não sente…
E eu… Serei sempre, apenas e somente a soma de todas as lágrimas, de todas as noites mal dormidas e de todos os dias sem cor.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Dentro de mim


A saudade...
A saudade por entre os versos dessa canção que me embala noite após noite.
Doces...
Doces as memórias que me ocupam a mente.
Fecho os olhos e sinto-me tremer. Ouço as gargalhadas, inspiro o teu cheiro como se pairasse no ar.
Fulgor de uma noite de verão, os corpos entrelaçados nos lençóis, a suavidade dos teus dedos desliza na minha pele.
Guardo nos meus lábios o sabor do teu beijo, a envolvência das tuas palavras dançantes.
Quem me dera sentir-te no calor do meu ventre...
Quem me dera perder-me no teu olhar, no encanto da tua voz...
E tudo são viagens perdidas nas lembranças de um modesto sentir.
As estrelas não brilham esta noite e tu dormes a anos-luz, nesse paraíso de cetim.
É madrugada.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Odeia-me.. Sim, eu odeio-te!


Odeio-te com todas as forças infinitas que conseguem caber no interior do meu sentir e mesmo assim julgo que não basta para te queimar a pele.
Essa pele aveludada e cintilante que partiu junto com o teu corpo e com todo o teu ser detestavelmente perfeito.
É um ódio que já não ferve, é desprezível e sujo.
Da minha mente apaguei todas as recordações, memórias, cheiros, risos, sorrisos, tardes, noites quentes. Via-as passarem frente ao espelho onde me lês a alma e decalcas tão bem o meu psicológico.
Odiei-te e descobri o melhor para mim.
Odiar-te-ia ainda mais se isso significasse ser feliz, nem que de uma maneira estranha e quase abismal.
Sangrei tudo o que havia em mim, já não sei mais quem és!
No fundo do teu quarto existem memórias de mim... Devolve-as à vida e odeia-me de diversas formas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Notas

Já fazia algum tempo que não postava nada. E venho postar por não ter mais com quem gritar os meus desabafos bem alto. Se bem que era o que deveria fazer, no entanto vou tomando esta atitude passiva, enquanto recebo insultos à minha inteligência. Não é porque não o sinta, nem porque o não saiba, tampouco por uma questão de auto-controlo, apenas já não existe paciência em mim para dizer que o teu sentido de oportunidade já teve melhores dias, ou ainda que não sou uma súbdita que atende a todos os teus desejos ou caprichos.
Não confio em grandes amizades, não confio nas pessoas, simplesmente perdi a capacidade de confiar, acho-o um processo demasiado complexo e inacessível para mim de momento.
E este podia ser um recado a ti, pessoa que se julga tão inteligente, mas que não sabe usar a sua arma manipuladora, um recado daqueles que se deve deixar colado na porta do frigorifico. E podia-te dizer: Burra, quem?? Eu?? Mas seria o desenrolar de um drama que não pretendo protagonizar.
Lentamente vou saboreando esse teu mel de sinismo e vou finjindo que estará sempre tudo bem. Porque não haveria de estar, não é?
Sei que nunca virás ler isto e mesmo se vieres deduzo que não te reconheças aqui. Mas, conselho, seria bom se comprasses um bloco de notas. Existem uns adequadissimos ao teu perfil.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um devaneio


No escuro delicio-me com o meu veneno doce e envolvente, cristalino.
Para as minorias sou um ser estranho, diria mesmo invulgar.
Sou tudo aquilo a que a sociedade não está habituada. Há quem me inveje, há quem me odeie.
Ouço repetidamente o refrão - 'É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma'.
Talvez não se encaixe em mim... Talvez isso até faça de mim um ser pior, ou uma princesa que se transforma num sapo gordo, verde e feio.
Todos nós temos receios, até o mais invulgar dos seres... Todos nós somos fracos.
Porque terei de ser eu o ser invulgar? Que característica possuo que outros não têm?
Serei racional demais? Serei muito exigente?
Também não sei o que esperar da vida, à semelhança de todos, só não sigo nas mesmas direcções... Nem os mesmos ideais.
Serão os meus gostos meros caprichos?
Sinto que duvido de mim própria, daquilo de que sou capaz... Terei perdido alguma capacidade?
Terei perdido a vontade?
Já não sei... Não encontro respostas..
Não me sinto cansada de viver, como outrora, mas também não o sinto como um desafio.
Por vezes sinto-me acéfala... Sou incapaz de coordenar um raciocínio lógico que me leve a um caminho concreto e correcto.
É estranho sentirmo-nos estranhos aos nossos olhos. E isto não é um sentimento, não é uma dor partilhada. É uma negação.
Já não sei como me expressar, apenas bebo do meu veneno cristalino.







sábado, 8 de maio de 2010

Ser mulher...


Ser mulher... Mulher que palavra tão completa, carregada de emoções, gritos, dor, feridas de guerra.
Ser mulher é ter um sorriso quente, um olhar cintilante, uma pele macia, um perfume inconfundível.
Ser mulher é gritar bem alto, soluçar com o cair da noite, é ter espírito guerreiro.
Ser mulher é ser desmetida, ousada, rir desalmadamente.
Ser mulher é correr contra o tempo, é magoar-se e não se intimidar.
Ser mulher é sonhar além horizontes, é voar na ilusão, é ser feroz e cruel.
Ser mulher é ter carinho para dar, ternura e medo.
Ser mulher é ser quente, envolvente, tentadora.
Ser mulher é ter coragem, é ter uma força estrondosa, é não desistir.
Ser mulher é ter vaidade, é gostar de si, é uma constante mudança de humor.
Ser mulher é seduzir, é colocar a emoção acima da razão.
Ser mulher é passar horas frente ao espelho, é chorar quando se está feliz.
Ser mulher é ser inocente e doce. É ser mãe.
Ser mulher é o mistério mais apaixonante da vida.
[Para todas as grandes mulheres com quem já me cruzei ao longo da vida e aquelas que ainda me irei cruzar. Igualmente, a todos os homens que têm a seu lado uma grande mulher].

sábado, 20 de março de 2010

Viver...


Viver e sentir-me viva... Seres que vagueiam pelas ruas, corpos nús de uma alma ou mesmo de uma consciência. São palavras e palavras escritas em prol dos saberes mundanos, em torno do 'eu sei', 'eu quero', 'eu tenho'.. Eu, eu e eu. E quando, pergunto-me, quando paramos para pensar, para interiorizar as nossas vivências? E quando adquirimos delas apenas a experiência e não a insolência? E quando aprenderemos a não julgar, mesmo quem não nos é próximo? Como poderemos querer paz se esta não parte do nosso interior? Quando deixaremos as palavras que ferem? Quando saberemos ouvir? Saber ouvir é uma arte complexa. Atribuo-lhe esta designação porque de facto cada vez menos se ouve... Por vezes nem os sinais do nosso relógio biológico somos capazes de ouvir. Viver é mau, sobreviver é péssimo. Vivemos, mas procuramos pelo momento em que de facto nos sentimos vivos, em que apenas a luz do sol chegue para nos fazer sorrir, em que respirar fundo seja prazeroso.. Pequenos e breves momentos são tudo aquilo que nos parece que levamos do acto de viver. Palavras e palavras de histórias vividas e revividas, comparadas exaustivamente. Livros e livros que dariam de assuntos gastos e desgastos, de quem não sabe falar. Dizeres levianos que ferem. O conhecimento não é profundo, não sabemos tanto quanto julgamos,não temos tanta experiência de vida que nos faça escrever estes textos e textos, estas frases intermináveis sem pontos finais. Simplesmente porque nunca experimentámos sentirmo-nos vivos em vez de viver.